restinga seca

Proprietário de restaurante conta os desafios e as realizações de cozinhar e trabalhar em família

Da Redação

Fotos: Arquivo Pessoal
Walter (a partir da esq.), Suilma, Isadora, Bernardo e Rosélio, na formatura de Isadora em Direito, em 2015

Nascido e criado em Restinga Sêca, Rosélio Raddatz, 57 anos, sempre teve o sonho de abrir um restaurante. Durante a juventude, morou em Itaqui e, em 1975, mudou-se para São Borja com os pais, o mecânico Abilio Raddataz (falecido em 1997) e a doceira Shelia Raddatz, 81 anos, e a irmã Rosana, 59. Foi na fronteira que Raddatz conheceu a grande companheira de vida, Suilma Correa Raddatz, 56 anos. No Coração do Rio Grande, a família Raddatz mora há mais de 30 anos no Bairro Tancredo Neves. O casal completa, em 12 de novembro, 35 anos junto e três filhos criados: Isadora, 28 anos, Walter, 27, e Bernardo 21. Os mais velhos estão formados, e o mais novo, cursando Direito. Nesta entrevista, o proprietário do restaurante Arroz e Feijão conta os desafios e as realizações de cozinhar e trabalhar em família.

Diário - A família trabalha toda junta. Em casa, os assuntos se misturam?
Rosélio Raddatz - Sim. Quando sentamos para tomar um chimarrão, por exemplo, damos dicas um para o outro, dizemos o que pode ser melhorado e o que está bom. Na cozinha, sou responsável pela parte das carnes, a esposa fica com a parte dos cozidos e molhos. Cada um de nós faz a sua parte e tudo funciona. Tentamos cozinhar como se fosse pra nossa família. Por mais simples que seja a comida ou o tempero, tem que ter uma diferença. Fazemos nossa comida com amor e carinho para tentar satisfazer nossos clientes e amigos.

Família Raddatz na abertura do restaurante Feijão e Arroz, em 2 de julho de 2012. Bernardo (a partir da esq.), Isadora, Suilma, Rosélio e Walter.

Diário - De qual maneira o senhor ingressou no mundo da culinária?
Rosélio - Quando morei em São Borja com meus pais, logo fui arrumar trabalho. Lá, era garçom em um restaurante italiano. Em 1983, atendi Gabriel Teixeira, um dos sócios do Itaimbé Palace Hotel. Ele me convidou para trabalhar na abertura do bar e restaurante do hotel. Aceitei e, por anos, fiquei trabalhando com ele. Nisso, também trabalhava ao meio-dia no antigo restaurante Galo de Ouro, até o ano de 1986, quando decidi me especializar. Fui para Canela fazer hotelaria. Com isso, tive grandes oportunidades de trabalhar em hotéis como em Canela, Gramado, Florianópolis, em Santa Catarina, e na capital gaúcha. Também fui convidado a trabalhar na Fiergs, no bar internacional do evento e, por dois anos, ganhei o campeonato internacional de barman, sendo o único gaúcho a ter esse título.

Diário - E seu grande sonho, na época, qual era?
Rosélio - Sem dúvida, era ter meu próprio restaurante. O montei na década de 1990. Era temático: os garçons usavam saias escocesas, tínhamos pista de dança, bandas tocando. A casa estava cheia e as comidas eram típicas. Mas com seis meses de funcionamento, me deparei com um cenário político e não consegui segurar o local aberto. O plano Collor me obrigou a fechar o restaurante. Mesmo buscando trabalho, na época, as portas começaram a se fechar. Fui chamado para ser garçom da fábrica da Cyrilla e, após isso, o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) me descobriu e convidou-me para dar aulas lá. Por anos, fiz o que mais gosto: qualificar pessoas para o mercado de trabalho de forma gratuita.

Trabalhando junto da esposa em um curso de qualificação

Diário - O senhor pretende voltar com a qualificação gratuita e projetos voluntários?
Rosélio - Sim. Meu maior prazer é conseguir trabalho para alguém que está precisando. Isso é bem gratificante. Após minha aposentadoria, quero continuar a qualificar pessoas, seja em uma sala de aula comum ou móvel. Sinto-me bem em fazer isso. Mesmo aposentado, não quero parar com o mundo da culinária.

Diário - Mesmo com o receio do primeiro restaurante ter fechado, por que a família Raddatz resolveu por empreender novamente?
Rosélio - Bom, a minha primogênita fez o projeto de TCC (trabalho de conclusão de curso) sobre o que o estudante de Santa Maria gostaria de comer num intermediário entre o lanche e a pizza, comidas comuns na cidade. Nessa pesquisa, a comida caseira venceu o gosto da gurizada e a Isa deu a ideia da gente abrir um restaurante. Achei que não era a hora. Mesmo assim, Isa não se deu por vencida e insistiu para abrirmos o estabelecimento, alegando que seria algo mais simples, para que o estudante pudesse sentir o gosto da comida de casa e a presença da família. De tanta insistência, neste ano, completamos seis anos de funcionamento com nossa família unida e sem briga.

Casamento de Rosélio e Suilma, em 1983

Diário - E sua relação com Santa Maria?
Rosélio - Não tenho o que reclamar da cidade. Sempre muito acolhedora, foi o berço de ouro para nossa família. Sou santa-mariense de coração. Aqui, criei e formei meus filhos. Já tive convites para ir a grandes centros, mas nunca quis. Temos amizades muito queridas na cidade. Pessoas de fora, que são carentes de amizade, que vêm almoçar todos os dias conosco, que já nos cumprimenta como velhos conhecidos. Amizades que saíram do restaurante e foram para nossa casa. Santa Maria é boa demais para nossa família.

Colaborou Natália Venturini

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